NÓS FAZEMOS A DIFERENÇA NO MUNDO...

Nós fazemos a diferença no mundo
"Eu sou a minha cidade, e só eu posso mudá-la. Mesmo com o coração sem esperança, mesmo sem saber exatamente como dar o primeiro passo, mesmo achando que um esforço individual não serve para nada, preciso colocar mãos à obra. O caminho irá se mostrar por si mesmo, se eu vencer meus medos e aceitar um fato muito simples: cada um de nós faz uma grande diferença no mundo." (Paulo Coelho)

Na qualidade de Cidadão, afirmamos que deveríamos combater o analfabetismo político, com a mesma veemência que deveria ser combatido o analfabetismo oficioso no Brasil. Pois a politicagem ganha força por colocarmos poder de importantes decisões nas mãos de quem não se importa com o que irá decidir.
Concordo com Bertolt Brecht, quando afirma que: "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Ele não sabe o custo de vida, nem que o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato, saneamento, mobilidade urbana, e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. “Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”

domingo, 18 de março de 2012

Brasil, um dos últimos em trabalho produtivo


Trabalho na lanterna

Autor(es): Fabiana Ribeiro e Fabio Rossi

O Globo - 18/03/2012

Com produtividade de US$ 19.764 por cada trabalhador, o Brasil está em 15º lugar no ranking da América Latina, à frente só de Bolívia e Equador. Especialistas dizem que a produtividade baixa, resultado do ensino fraco que não qualifica a mão de obra, e os investimentos insuficientes na infraestrutura emperram o crescimento do país.

Brasileiro fica no 15º lugar em ranking de produtividade da AL, emperrando crescimento

O crescimento econômico do Brasil está em xeque. Produtividade baixa, investimento insuficiente, falta de mão de obra qualificada e gargalos estruturais (de portos a aeroportos) freiam a expansão da sexta economia do planeta, dizem especialistas. Levantamento com 17 países da América Latina mostra que a produtividade do trabalhador brasileiro - medida pelo quociente entre Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) e pessoal ocupado - está entre as mais baixas: na 15º colocação, à frente só de Bolívia e Equador, segundo dados da instituição de pesquisa americana The Conference Board. Perde para países como Argentina (produtividade de US$ 37.589 por trabalhador), Chile (US$ 35.864), Colômbia (US$ 23.208), México (US$ 35.579), Venezuela (US$ 31.054) e Peru (US$ 24.054).

Com uma produtividade de US$ 19.764 por trabalhador no ano passado, o Brasil vai ficando para trás: de um ano para o outro, é estimado um avanço de 1,4% - abaixo da média da América Latina (2,1%) e aquém da mundial (2,5%). Projeta-se para a China uma produtividade de US$ 16,7 mil em 2011 - menor do que a do Brasil, mas é um salto de quase 9% em um ano. Na Índia, o indicador sobe 5,2% e na Rússia, 4,4%. Nos países ricos, a produtividade alcança US$ 105 mil nos EUA e US$ 78 mil na Alemanha.

- Esse indicador é a síntese da baixa qualificação do trabalhador brasileiro, dos gargalos estruturais e do baixo investimento. Também está refletido nesses números o modelo econômico do país, calcado na produção de commodities. Não investimos em produtos de maior valor agregado. Nessas condições, não há como crescer 4%, 4,5% de forma sustentada - analisou Marco Tulio Zanini, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Os dados do The Conference Board apontam também que a produtividade média do brasileiro é quase 20% (18,7%) da do trabalhador americano. Grosso modo, é como se o trabalhador daqui demorasse quase cinco dias para produzir o mesmo do que quem está nos EUA.

- A produtividade se ressente da defasagem de investimento e da educação da população. E, em tempos de crise no mundo, isso faz com que o país perca competitividade global - disse Flávio Castelo Branco, gerente de Políticas Econômicas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), acrescentando que o ambiente institucional do país traz atrasos. - Reformas estruturais, apesar de serem nomes desgastados, são fundamentais para a produtividade.

Com economia fortemente baseada nas commodities, o Brasil observa, contudo, um crescimento dos serviços - que já responde por mais de 60% do PIB. Entretanto, esse tipo de setor se expande de uma forma diferente do que se observou nos países desenvolvidos. E, assim, o segmento pouco contribui para ampliar a produtividade do trabalho.

- É um setor que, para atender à demanda das classes emergentes, cresceu nos serviços simples voltados para as famílias e no comércio. Atividades que não exigem grandes especializações e empregam muita mão de obra - explicou José Ronaldo Souza Junior, economista do Ipea.

- Ao contrário de países como a China, nosso crescimento recai para serviços de baixo valor. A China se voltou também para tecnologia da informação, que requer grandes investimentos em formação. Para se ter ideia, a qualidade dos serviços brasileiros é ruim. Pedir uma simples pizza pode mostrar como essa qualidade é péssima. E isso também tem a ver com produtividade - disse Zanini.

O economista Naércio Aquino Menezes Filho, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa, ressalta que a produtividade do trabalho é afetada pela escassez da mão de obra, que faz com que os salários de determinadas funções subam acima da própria produtividade. Salários elevados afetam os preços do produto final - tiro direto na produtividade, cuja máxima é produzir mais com menos.

- O Brasil cresce a partir da força de seus trabalhadores. Mas não há mais como crescer empregando mais gente. Com a taxa de desemprego perto do pleno emprego, vai faltar gente para fazer o país crescer. Se o consumo continuar crescendo, pode ser preciso importar profissionais para vários segmentos. Ou seja: não se nota somente a falta de pessoal qualificado. O problema se agrava com a falta de pessoal.

Saída é mais ensino e menos burocracia

Um dos caminhos, segundo Menezes Filho, para ampliar a produtividade vai além da política de juros ou dólar. É preciso pensar no país a longo prazo, o que inclui investimento na qualidade do ensino público - não somente sua universalização -, menos burocracia no ambiente empresarial, reformas trabalhistas e tributárias, investimentos em infraestrutura e mais inovação:

- Parcela grande de funcionários das empresas está resolvendo problemas: é gente que não produz, mas resolve questões jurídicas, trabalhistas... Apenas 5% das empresas brasileiras gastam em pesquisa. É muito pouco. Assim como são poucas as que empregam mestres e doutores. Saltos de crescimento atingem países que inovam.

Para compensar a falta de qualificação, há empresas que investem nos funcionários. São exceções, frisa Menezes Filho. Caso da Chemtech que tem uma universidade interna. Além de treinamentos para projetos, oferece especializações e mestrados. Em 2011, foram 5.500 vagas em treinamentos para seus 1.300 funcionários.

- Um engenheiro quando se forma, mesmo sendo elétrico ou mecânico, tende a ser generalista. Ele não traz conhecimentos específicos para atuar numa área específica. Atentos a isso, a companhia investe na qualificação, em cursos específicos. O investimento em educação é de 1,6% do faturamento. Ganhamos em produtividade e qualidade - concluiu Cristina Maretti, coordenadora de RH da Chemtech.

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